Sexta-feira, 21 de Abril de 2006

Crónica de uma morte anunciada

 

Dado o período dark que me atacou no último post, resolvi escrever qualquer coisa mais em tons primaveris. Isto para vos mostrar que nem tudo é bom, nem tudo é mau. O que importa mesmo é encontrar o equilíbrio das coisas…

Em primeiro lugar peço desculpa pelo título. Isto porque, quer-me parecer que já li este título em qualquer lado, o que significa que não é originalmente meu. Mas se o li, gostei tanto dele que passado algum tempo regressou à minha memória. E além disso, para além de ser mesmo muito bonito aplica-se na perfeição àquilo que se segue nestas breves linhas (ou não?).

E escrevo sobre o assunto mais tratado em todo o Planeta Terra. Qual poderia ser esse assunto senão o amor? Mais nenhum, é claro, meus caros bloguistas leitores. (Bloguistas é um termo inovador, não vos parece?)

Não comecem já a pensar que este é um post de lamechice porque não é verdade. É um post de homenagem e elogio, não ao amor que era algo um pouco gasto, dada a enormidade de coisas escritas nesta área. É sim, uma justa homenagem e um sentido elogio aqueles que amam e que têm a coragem de se declarar à pessoa que amam. (Esta frase assemelha-se horroridades àquele anúncio da Coca-Cola Light, apesar de horroridades nem sequer existir na Língua Portuguesa, mas enfim…)

Também não é nada disso que tu, mrafiki, estás a pensar. Pelo menos tu, deves estar a pensar nisso. Mas não, não é um auto-elogio como até se poderia pressupor, dada a minha subliminar declaração de há 2 posts atrás. Mas não é nada disso.

Passo eu mui calmamente à saída do trabalho, para as Cantinas em busca de um almoço e dou de caras com esta imagem que inicia o post…

Cusca como sou não pude evitar olhar para o que estava lá escrito, e intuitiva como também sou não pude deixar de parar e ler o que esta singela folha de branco papel continha. Não era nada mais, nada menos que a letra de uma música. Música essa de KT UNSTALL, intitulada The other side of the world. Uma música lindíssima por sinal, uma música que comecei a ouvir quando resolvi começar a escrever este post. Mas para além disso, tinha uma mensagem escrita à mão (como podem ler na própria imagem).

Por isso é que este post é uma homenagem e um elogio aquela alma que se atravessou no meu caminho e eu não sei quem é. Aquela alma que colocou na barraca da Feira do Livro, na Praça da República, em Coimbra um papel que dizia: “Por favor não destrua, isto é uma prova de amor.”

Aquela alma que teve aquilo que falta à maior parte de nós (incluo-me também nesse grupo), a coragem de se declarar, e ainda por cima publicamente. Aquela alma que teve a coragem de se declarar e de demonstrar o seu amor sem o preconceito estúpido, parvo e sem sentido. Aquela alma que não se importou de dizer que ama, que não se importou de ser ridicularizada, que não se importou de mostrar o que sente sem receio do que os outros possam pensar, nem da eventual resposta que possa receber.

Mas o que mais me impressionou foi a mensagem que estava escrita ao lado e à mão (aquela que se vê na foto). A mensagem que pressupunha logo à partida que alguém que passasse por ali e visse aquilo colado iria ter a tendência, não de estragar, mas de destruir.

A mensagem que pressupunha a morte anunciada da prova de amor que era aquela própria mensagem.

E por isso homenageio essa alma e a sua declaração de amor, e por isso escolhi este título.

É como se a própria declaração de amor fosse já a crónica de uma morte anunciada …

 

 

P.S. Já devem ter reparado que ando numa fase muito de James Blunt. Se alguém quiser não me importo que me ofereçam bilhetes para o concerto dele em Lisboa… Ah! Também se aceitam inscrições para acompanhantes… LOL

 

A ouvir: James Blunt - High
Sinto-me:

Esqueletos no armário

 

 

Não sei o que escrever… Não sei sequer sobre o que escrever... Apenas sei que me apetece escrever sobre qualquer coisa, mesmo não sabendo bem o quê ou sobre o quê.

Vou escrever em primeiro lugar sobre esqueletos. Sim, esqueletos. Daqueles que todos temos nos nossos armários da memória. Aqueles assuntos estranhos e esquisitos que nunca falamos. Aquelas pessoas e sentimentos incómodos que não queremos lembrar.

Todos temos esqueletos. Uns com mais ossos, outros já mais gastos e por isso com ossos mais fracos. Uns que nos atrapalham muito e por isso são considerados esqueletos adultos e outros que nem nos lembramos que existem e por isso são esqueletos infantis.

No meu caso, tenho um esqueleto de estimação. (Desculpem, mas ler isto que eu própria escrevi dá-me uma tremenda vontade de rir. Como se eu abrisse o armário e fosse mimar um esqueleto que tenho lá guardado. Surreal!!! Só mesmo eu para me lembrar desta imagem mental…).

Bem, mas voltando a assuntos mais sérios, tenho um esqueleto de estimação. Não, não é daqueles que mimo. É daqueles que não consigo deitar fora. Como aqueles objectos que estão a cair de podres, mas que nos trazem recordações tão boas que nós não nos conseguimos separar deles. Eu tenho um esqueleto assim. O meu esqueleto é uma pessoa, ou melhor, as recordações do que vivi e do que passei com essa pessoa.

É um esqueleto adulto, porque me atrapalha muito em muita coisa, porque me traz muitas recordações, boas e más, como tudo na vida. Porque tem uns ossos tão grandes que me conseguem prender em muitas decisões que tento tomar na vida. É um esqueleto adulto porque em muitas situações da vida não me larga e lembro-me muitas vezes que ele está lá guardado no meu armário.

Juro-vos que é um esqueleto que eu detesto. Que me apetece parti-lo e atirar as cinzas dos seus ossos à primeira lufada do vento Simum que aparecer. Atirar as cinzas desse esqueleto a esse vento quente dos desertos de África e da Arábia, que nos aquece por fora e por dentro. Que arrasta areia suficiente para que essas cinzas se misturem com os finos grãos de areia e tudo não passe de poeira que o vento arraste por todos os quilómetros que viaje.

Todos temos pelo menos um esqueleto de estimação no nosso armário. (Peço desculpa mais uma vez, mas não consigo deixar de me rir cada vez que escrevo esqueleto de estimação. Continua a ser uma imagem demasiado surreal…). Mas é verdade! Todos temos algo em que não gostamos de pensar e menos ainda de falar sobre isso. Mas não faz mal, é normal.

O meu esqueleto é muito pesado. Talvez por isso ainda não o consegui tirar do armário. Tenho andado a partir-lhe os ossos aos poucos. Já dei alguns a roer a alguns cães vadios e esfaimados que encontro na rua. Mas há ainda muitos que tenho lá guardados no armário da memória.

E são esses ossos todos que me têm impedido de viver. É a simples recordação desse esqueleto que me impede muitas vezes de me atirar de cabeça a muitas oportunidades que me aparecem na vida. Acho mesmo que esse esqueleto me tem impedido de viver e de ser feliz. É por isso mesmo que é um esqueleto adulto e pesado…

E apercebi-me de tudo isto hoje à tarde a caminho de casa. Eu sei que tudo o que escrevi é muito negro, e por isso mesmo é que foi ao vir para casa. Esteve uma tarde de chuva horrível e o céu estava negro. Condizia com a fuligem dos ossos do esqueleto que me lembrei…

Estava eu a meio de mais uma conversa com uma das almas inspiradoras deste blog, quando se tocou num assunto que me feriu interiormente. Bastou falar-se nesse esqueleto para toda eu me retrair e por logo a minha carapaça em acção.

Mas todos somos assim. A dita alma inspiradora do blog também tem um esqueleto no armário, não só da memória mas também do coração. (Alma inspiradora do blog, desculpa dizer isto, mas é verdade. E só dói porque reconheces a verdade das minhas palavras. Sei que ao escrevê-lo me arrisco a não ir ver os Toranja contigo e a perder uma incrível noite que poderia ser, mas tu conheces-me, sabes como eu sou… Eu não consigo evitar meter a pata na poça e deixar de escrever o que sinto e o que penso).

Mas não é o único. Eu também tenho um esqueleto, tal como vos disse, que também não está só no armário da memória. Está também no do coração e pior que tudo, no da alma. É por isso que é um esqueleto adulto e é por isso que é tão difícil carbonizá-lo e transformá-lo em cinzas.

É exactamente por isso que tento mais um exorcismo e escrevo sobre ele. Sobre um esqueleto adulto que transporto em três armários, tal é o seu tamanho. Um esqueleto adulto que ocupa a parte vital do meu ser. Um esqueleto … Que teimo em carbonizar…

 

 

A ouvir: James Blunt - You´re beautiful
Sinto-me:

Soprado por: Asa às 11:02
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Quarta-feira, 19 de Abril de 2006

Poema






Procuro-te, anseio e perco-me em ti…

Escrevo o que sinto e digo o que penso

Deixo-me levar pela imensidão das palavras

Repito o que digo a mim mesma e descubro um novo sentido nas coisas

Oiço a tua voz nos meus caminhos quando penso que te esqueci

 

Acho que sei o que quero a cada luta que travo apenas interiormente

Mas perco-me no rumo que eu própria traço a cada minuto que passa

Odeio a incerteza do caminho que traço a cada pegada que marco

- “Que quero, que espero e que aguardo?”

Teimo em perguntar a mim mesma a cada novo despertar

Espero que um dia me possas responder…

 

 

Dedicado a ti que sabes quem és…

 

Espero que percebas a mensagem subliminar …

 

Sinto-me:
A ouvir: Toranja - A Carta

Quinta-feira, 13 de Abril de 2006

Diário de uma Viagem - Parte III

 

E a viagem chegou ao fim… Quando escrevo estas breves linhas já regressei a Portugal e ao meu mundo estável que aqui deixei. O que até é bom. Sabe bem estar com aqueles que amamos e dos quais sentimos a falta. Pena é que a vida pregue tantas partidas e só me mostre o que procuro (há já alguns anos), no final da viagem.

Mas não faz mal, novos mundos se abrirão e quando se fecha uma porta abre-se sempre uma janela, como se costuma dizer.

Não me vou alongar muito na descrição da viagem, até porque não tenho muito a acrescentar. É óbvio que tinham de me acontecer as típicas peripécias, tais como o carro avariar quando ia para o aeroporto na viagem de ida; e cancelar o comboio que ia apanhar para o aeroporto no regresso. Mas isso já é habitual acontecer-me. Sinais dos dakhini, que estão sempre presentes no meu caminho…

Que mais vos posso dizer? Que gosto mesmo muito de Londres, é uma cidade que me faz vibrar. Que adoro aeroportos onde mil pessoas, todas diferentes em tudo, se cruzam com o mesmo objectivo, sejam árabes, indianos, portugueses, brasileiros, punks, rastafaris, fumadores, vegetarianos, sei lá… Que estar num aeroporto é estar mais perto do céu. Não, não é estar num avião, é mesmo estar no aeroporto. Aí a vida pode mudar apenas num segundo, sem qualquer plano pré-determinado, apenas com a nossa própria vontade e a dos outros.

Que penso seriamente em viver em Londres uns meses, senão uns anos. Por vários motivos, ganha-se bem, viaja-se muito, aprende-se inglês fluente, perdem-se medos e preconceitos, e ganha-se muito a nível interior. Pelo menos para mim funciona assim. Mas cada um é como da qual.

Resumindo, gostei muito de conhecer Edimburgo, uma cidade pequena e acolhedora, mas terrivelmente gelada. E gostei muito mais ainda de regressar a Londres, onde encontrei o que procurava. Onde os mundos se cruzam e as vontades se perdem. Onde a vida se entrecuza por caminhos estranhos que são guiados por mil e inúmeras vontades. Onde o poder da oração e as suas extensões se encontram e sincronizam.

 Mas ir por aí já é uma outra longa história…

A ouvir: Coldplay - The Scientist
Sinto-me: desperta

Soprado por: Asa às 01:50
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Terça-feira, 11 de Abril de 2006

Diário de uma Viagem - Parte II

Pois é! A viagem está a chegar ao fim. E se foi longa a viagem, pelo menos em quilómetros foi bastante. De Portugal a Londres, de Londres a Edimburgo e de novo para Londres e amanhã de volta para Portugal. E depois disso ainda até casa.

E que bem que me soube, estava mesmo a precisar de umas férias assim. Descobri a raiz dos meus problemas pessoais e por imenso tempo esqueci-me dos problemas mundanos que me afectavam.

Afinal a vida até é simples e pode ser muito boa. Principalmente quando se está de férias, num lugar agradável e com algum dinheiro no bolso. Porque Londres e Edimburgo são locais nada baratos para se viver e/ou passear. Mas no fundo até vale a pena investir nestas coisas, já que o meu cérebro parece novo. Parece só, mas na realidade não é!

Bem, em relação à Escócia tenho de dizer que adorei Edimburgo. É uma cidade gelada, onde o vento sopra forte e gélido. Mas é muito bonita! A parte principal a visitar é a Royal Mile, uma rua que atravessa todo o centro histórico da cidade até ao cima do castelo. E depois a zona de Calton Hill  que tem uns monumentos do tipo romano giríssimos. É uma cidade muito escura devido à poluição, mas onde o sol brilha até as 8:30 da noite em Abril. É mesmo pena o frio…

Quanto à tradição do kilt, não comprovei. Vi apenas dois ou tês assim vestidos, mas eram tão feios que nem apetecia falar. O mistério mantêm-se…

Quanto ao resto de Londres, visitei o Buckingham Palace e fui assistir ao render da guarda de rainha, que demora cerca de uma hora. Começa às 11h da manhã e vai até ao meio-dia. É uma autêntica seca, porque eles só fazem os passos de troca, nada de jeito. Mas tinha de ir ver para criticar…

E hoje voltei ao meu sítio preferido da cidade, que a zona da London Bridge, o Queen´s Walk. Um passeio à beira rio na zona antiga da cidade, nas antigas docas de Londres. Onde se vê muita gente a passear, a fazer desporto ou simplesmente sentada a descansar ou a ler. Adoro estar ali!

É pena amanhã já ir embora, mas a vida é mesma assim. Nada dura para sempre e as coisas são como têm de ser e não como a gente quer.

Mas ir por aí já era tema para uma outra história…

 

Sinto-me:

Sexta-feira, 7 de Abril de 2006

Diário de uma Viagem - Parte I






Hi!


Quanto não vale andar a perder-me em Londres, para a vida ser tão fantástica e maravilhosa...


Adoro mesmo esta cidade. Podia viver aqui alguns anos da minha juventude que não havia problema nenhum. Mas a vida é cara e eu pobre como sou não me posso dar a esse luxo.


Bem, visto que não actualizo o meu blog há muito tempo, aqui vão umas palavritas para não pensarem que desisti da minha paixão de escrever.


É só para dizer que adoro estar cá, que adoro dominar o metro londrino (Ei, ya!), ou seja, já me consigo movimentar com clareza para qualquer sítio. Até já fui sozinha a metade da cidade.


E hoje tive um dia soberbo. Depois da grandessíssima desilusão que foi visitar o Sherlock Holmes Museum, veio a grandessíssima felicidade de visitar o Madame Tussaud´s Museum. Este sim, vale realmente a pena. Além disso, hoje senti-me bem em todos os aspectos da minha vida, como há muito tempo já não me sentia. A verdadeira solidão por opção, faz-me realmente muito bem.


Sei que isto não vos interessa mas vou descrever o meu dia fantástico, porque senti-me tão bem que me apetece partilhá-lo com toda a gente.


Depois de acordar às 10 da manha e de ter visto uns minutos de televisão portuguesa, decido sair e ir aproveitar o dia no coração de uma fantástica capital europeia. Apanho o comboio até Victoria e daí a linha amarela do metro (a Circle Line) até à estação de Monument e daí apanho a linha preta (a Northern Line) até a estação de London Bridge, onde saio para me perder nas ruas antigas de Londres.


Na zona antiga da cidade passei 3 horas a andar a pé e visitar o Design Museum e o Tate Modern Museum, à borla! Muito bom, principalemnte o Tate Modern. Daí fui até Trafalgar Square à procura do supermercado Tesco, que tem os melhores muffins de chocolate do Mundo! Comprei comida e almocei às 4 da tarde. Sentada nas escadas da National Gallery of London, sozinha e a comer coisas estranhas, mas profundamente feliz. Já há muito tempo que não me sentia assim.


Depois apanhei a linha castanha de metro (a Bakerloo Line) de Charing Cross até Baker Street onde fui ao Madame Tussaud´s que recomendo vivamente a todos, porque é muito bom. Não é só museu, tem coisas giras, tipo um planetário lá dentro e uma viagem de táxi pela história de Londres. Lindo!!!  


Depois disso, eram 6:30 da tarde e regressei a casa. Morta, mas feliz! Verdadeiramente feliz, como há muito tempo já não era!


Ontem fui até Camden Town passear naquele mercado do outro mundo e almoçar com a famelga que me resta. Fui ao museu do Sherlock Holmes, onde me amaldiçoei por ter pago 6 libras para ver aquela caca. Mas enfim, quem não sabe é como quem não vê.


Dias fantásticos, recheados de coisas estupendas que me fazem ver que é bom estar viva, ter algum dinheiro e amar a vida.


Amar a vida, a loucura e alguém mais. Que ignora que o amo e que está demasiado envolvido em projectos pessoais para perceber que a vida é muito curta para fazer tudo o que gostaríamos e como tal só nos resta aproveitar aquilo que temos ao nosso alcance.


Mas isso já é outra história...



A ouvir: Fall in the light
Sinto-me:

Soprado por: Asa às 01:45
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