Segunda-feira, 28 de Agosto de 2006

Cheguei tarde...

 

 

Cheguei tarde… Não só ao Mundo mas também há tua vida, cheguei tarde…

Não trouxe pezinhos de lã, preferi vir descalça. Primeiro porque ninguém me pediu para não fazer barulho e depois porque o contacto com a Terra me agrada.

Vim a pé, com a alma despida e o coração nas mãos. Pensei até em pedir boleia, o caminho tornar-se-ia mais fácil, mas depois percebi que isso não me iria ajudar. Talvez até nem adiantasse e eu chegasse tarde à mesma...

Trouxe as sandálias nas mãos e os pés cheios de areia. Risquei a tua vida, como a areia risca o vidro. Se ao menos fosse um risco de diamante, sempre seria mais valiosa. Mas nem isso iria mudar o facto de ter chegado tarde… Ficaria era uma lembrança mais profunda, um risco mais valioso, talvez.

Não corri, nem tampouco me apressei na chegada. Achei que cada coisa tem o seu tempo próprio para crescer e germinar, mas mesmo assim cheguei tarde…

Atravessei desertos, nadei em mares profundos, procurei barcos e ancorei em baías. Apanhei comboios, conduzi carros, motas e pesados de mercadorias. Apanhei algumas multas de mau estacionamento e abandonei aviões onde não me cabia a bagagem de mão. Mas nem isso me fez chegar mais cedo. O facto é que cheguei tarde…

Quando cheguei, tu já tinhas partido. E agora não sei onde te encontrar…

Como dizia o Diogo Morgado num dos filmes que marcou a minha adolescência “Amo-te Teresa”, uma das melhores produções nacionais da SIC (na minha nada humilde opinião!), “Nasci no ano errado!”...

E além de ter nascido no ano errado, chego sempre à vida dos outros na altura errada. Chego tarde…

Já comprei dois relógios e mais uns três despertadores, mas mesmo assim chego tarde… Devia contratar um ponto, aqueles senhores que trabalham no teatro, para me dar as deixas e eu saber qual a altura certa para entrar na vida dos outros e assim deixar de chegar tarde…

Podia ser que assim, corresse menos e pudesse passar a andar devagar. Como quem anda pela vida para ver passar os comboios. Aquelas pessoas que não têm pressa e que podem parar para ver os outros. Por causa de chegar tarde, perdi espectáculos únicos e esqueci o prazer de ver o pano a levantar e os anúncios a novas aventuras.

Pelo menos ainda não adquiri o vício de sair cedo. Fico sempre até à última cena e gosto de ver o genérico a correr. Deve ser uma forma de compensar o chegar tarde…

Algum dia chegarei a horas?

 

A ouvir: Tribalistas - Velha Infância
Sinto-me: atrasada

Soprado por: Asa às 00:31
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Terça-feira, 22 de Agosto de 2006

Definitivamente não era a melhor opção...

 

 

Tenho saudades tuas, E.

Gostava de te ver mais uma vez antes de ires embora e partires para sempre da minha vida. Gostava de ter outra oportunidade, de trocar mais algumas palavras contigo e quem sabe até algo mais.

Conheci-te sem querer. Vieste em dia não e tornaste a noite em noite sim. Só faltou o sim ao teu olhar. Tens aquele olhar de quem sabe o que quer da vida e de quem já viveu muito mais do que aquela noite tinha para contar.

Sabes olhar para mim com os olhos de quem já viu muitas mulheres e em todas descobres o melhor. Não sei o que viste em mim, mas posso garantir que de facto me fizeste sentir mulher. Tanto que ainda hoje passadas duas semanas e ao fim de apenas umas horas de conversa, não te esqueço.

Alguém insinuou que por pouco aquela noite não me ficava na memória. Na minha e na tua. Mas o meu medo de mostrar quem sou, obrigou-me a ficar por ali. Contei-te muito do que sou, acho até que daquilo que te disse conseguiste ver muito mais do que o que te mostrei.

Acredito que me entendeste e deixaste-me como um doce sabor nos lábios. Aquele sabor de quem está preste a apaixonar-se, mesmo sabendo que essa é a pior das hipóteses, como no nosso caso.

Tu na cidade do amor e eu em qualquer sítio que nem eu sei onde é. Definitivamente não era a melhor opção...

Mas ainda hoje me lembro de ti. Chegaste a medo, com vergonha e timidez. Olhaste para mim, com um ar de quem se sente fora de casa, parecias um peixe num aquário, ou então um daqueles gatos que estão numa montra em exposição. Tens olhos de tigre, é parecido com gatos, são todos felinos.

Gostei do teu jeito pronto de quem oferece sem esperar nada em troca. Será que a vida já te deu tudo o que esperas? Fazes-me acreditar que sim, pareces mais abençoado do que aquilo que ousaste imaginar.

Quis a sorte que a seguir te sentasses mesmo em frente a mim, ou melhor, eu é que me sentei à tua frente. Foi nesse instante que fez click! Esses teus olhos de tigre, viram-me como poucos o fazem. Com um ar de experiência e uma vontade contida.

Nessa noite fui para a cama a pensar que a vida é bela. Soubeste-me olhar com paixão e desejo. Fizeste-me sentir mulher. E fizeste-me ter pena de te ter deixado a meio da noite.

Se fosse hoje teria ficado, talvez falássemos mais das nossas viagens, do que nos fascina e das tatuagens que gostávamos de fazer. Talvez disséssemos outra vez o mesmo, eu em inglês e tu em francês. Diferenças que nos fizeram rir e com isso mais um olhar. Mais um gesto contido, mais uma vontade que se expressou.

Definitivamente tenho saudades de ti, E.

 

 

A ouvir: James Morrison - You Give Me Something
Sinto-me:

Soprado por: Asa às 22:59
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Sexta-feira, 18 de Agosto de 2006

Penas...

 

 

À laia de crónica, apeteceu-me fazer um post sobre as férias e o que significam para mim. Roubei a ideia que se segue num blog de uma amiga, de uma amiga, de uma amiga. Não é nada de especial, mas aqui fica um pouco mais de mim.

Desta vez são várias penas da minha mesma asa…

 

Adoro: o sol, a praia, a areia que descobre sítios no meu corpo que nem em própria conheço, a minha pele bronzeada, as sarda no nariz que me aparecem nesta altura do ano, os piropos engraçados que recebo de vez em quando, o meu chapéu que faz furor em qualquer sitio onde vá, os óculos de sol, gatos, apaixonar-me por tudo e por nada, os amores de verão, os beijos salgados, os gelados, a coca-cola, as massas italianas, os ganchos do cabelo, as conchas de bivalves, os brincos, o branco, as sandálias, as unhas dos pés pintadas, os cremes hidratantes, as massagens, os nadadores-salvadores, o pôr-do-sol no mar, a lua cheia e os meus passeios nocturnos pela areia e praia fora.

 

Detesto: a burguesia mesquinha do típico português, a lei do “salve-se quem puder”, o mau tempo quando estou na praia, o cheiro as sardinhas assadas, as conchas partidas espalhadas na areia, as pessoas que deixam lixo na praia, as pontas de cigarro que bóiam na água do mar, a falta de respeito, os escaldões, os biquinis horrorosos e fora da moda, as gorduras que tenho a mais, os homens que se babam quando passeio na praia, as guerras, as bombas e a incompreensão humana.

 

Sou: demasiado frontal, muito impaciente, convencida do que tenho, extremamente ciumenta, zelosa dos meus sentimentos, jovem, licenciada num curso que adoro, solitária sempre, mesmo que esteja acompanhada, blogger nas horas vagas e também nas preenchidas, viciada em tabaco, amante de vinho branco, fascinada pela vida de Coimbra, estudante de tudo o que não se vê, atraída pelas estrelas, uma estranha para os que não me conhecem, observadora dos pormenores da vida, apaixonada por pessoas, aventureira e viajante até ao fim dos meus dias.

 

Já fui: criança, ridícula, triste, idiota, uma estranha nos meus caminhos, catequista, estudante nas horas vagas e depois nas ocupadas, pianista, defensora dos não fumadores, filha de pais casados, amada, namorada de alguém, voluntária, espectadora da minha própria vida, uma pessoa crente, uma menina, uma mulher e uma velha.

 

Não passo sem: música, livros de boa qualidade e de má quando não há mais nada para ler, a série Lost, os posts que vou escrevendo neste blog, uma lareira nos momentos românticos, um cobertor nos dias de chuva, doces quando estou deprimida, protector solar, baton do cieiro, dinheiro no bolso, um banho de imersão quando estou stressada, velas e incensos em casa, a minha almofada de criança, a praia pelo menos uma vez no ano, as caipirinhas nos jantares de amigos, uma aventura louca, a minha mãe quando estou doente, uma boa conversa com pessoas interessantes, os meus sonhos e a esperança de que a vida e o mundo serão cada vez melhores.

 

Já estive em: Portugal, em Itália, em Espanha, em França, em Inglaterra, na Escócia, em sítios que não me lembro, em casa de amigos, nas companhia de pessoas que detesto, nas estrelas e no céu ao mesmo tempo, projectos em que acreditava, em Coimbra onde estará sempre uma parte de mim, jantaradas que não esqueço, estádios de futebol, sítios desertos e outros onde nem os olhos conseguia mexer e em estados de alma dos quais tenho muitas saudades.

 

 

Agora já só falta a outra Asa aparecer e resolver confessar-se…

 

A ouvir: O doce som do mar na noite...
Sinto-me:

Soprado por: Asa às 22:14
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Quarta-feira, 16 de Agosto de 2006

Eu vou de férias mas o blog não...

 

 

Um último post para anunciar que finalmente vou de férias. As tão almejadas férias, que anseio desde que voltei para casa. Nem perguntem porquê...

Não, não vou para nenhum paraíso tropical, vou apenas até Albufeira. Que nesta altura do ano, quase se assemelha a um grande centro cosmopolita…

Aviso desde já a navegação, que caso não haja novidades neste blog, é porque não são dignas de registo, uma vez que eu vou de férias mas o blog não. Eu sem internet, é como a praia sem sol. Ficamos vazias e sem interesse…

Esta imagem mental é um pouco estranho, mas não vou comentar…

Até à vista, caros navegantes…

Fui!!!

 

 

A ouvir: O som da televisão...
Sinto-me:

Soprado por: Asa às 00:04
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Terça-feira, 15 de Agosto de 2006

Desculpem, mas não sei fazer melhor...

 

 

Bem, se o penúltimo post era negro, este já não tem cor, porque não se consegue ver nada, tal é a escuridão que me ataca a alma neste momento…

Não tenho propriamente um assunto definido sobre o qual escrever hoje e como tal, vou mesmo ser aquele tipo de blogger irritante k vai despejar as tristezas da vida e como tal, fica já o aviso de que tudo o que a seguir se anuncia é desprovida de todo e qualquer conteúdo de interesse.

Apenas uma nota breve, para salientar que o título de um post que escrevi há uns meses, é o mesmo título de um livro de Gabriel Garcia Marquez, “Crónica de uma morte anunciada”. Estive hoje com ele na mão, mas faltou-me a vontade de o ler…

A fase de ânimo da vida, já passou ao largo…

O que me faz escrever este post, é o simples sentimento de desilusão. Seja com o que a vida me reservou, seja com as pessoas que nela vão entrando e saindo, seja com aquelas que permanecem mesmo contra a vontade.

Porque é preciso mais coragem para cortar laços do que para os estabelecer, mesmo que a maioria diga o contrário.

Há uma certa crueldade no ser humano que me passa completamente ao lado. Será que cada um não tem o direito de fazer todas as asneiras que quiser na vida, sem ninguém dar palpite?

Quando alguém faz algo em que acredita, está a travar o Bom Combate, a realizar a sua Lenda Pessoal. (Esta ideia é roubada do grande escritor Paulo Coelho. Não é minha, porque eu não tenho cérebro, nem coração para tanto!)

 Será assim tão difícil de compreender que aquilo que faço, é porque acredito no que estou a fazer ou porque não sei fazer as coisas de outra forma? Será que ninguém percebe o quanto me dói que me critiquem, sem tentarem perceber que também sofro?

Julgar os outros é a coisa mais constante da nossa vida. Gostamos de criticar, de mostrar o que está mal e de dizer que não devia ser feito assim. Mas quando se trata de compreender o porquê de certa decisão e não de outra, ‘tá quieto...

Será assim tão difícil despir a nossa capa (e é já para não falar das máscaras que todos usamos) e tentar perceber como o outro se sente nu?

Desculpem-me todos os que me julgam, mas eu não sei fazer melhor.

Se vivo a vida que me resta a pensar em e a amar alguém que não me merece; se levo os dias obcecada com esse mesmo alguém; se o tempo não passa sem que me lembre dele ou do que passámos; se tento infrutiferamente que a vida continue sem que ele esteja lá; se quero andar para a frente e não sei qual é o caminho; se procuro o futuro e só vejo o passado; se quando olho o futuro o faço do ponto de vista errado; se tento ser feliz e mesmo assim não o consigo; se penso que a vida continua e quem continua a arrastar-se pela vida sou eu; se olho o meu passado e não reconheço as minhas pegadas; se procuro o caminho e só vejo a poeira; se não faço tudo o que devia…

… Desculpem, mas não sei fazer melhor …

 

 

 

Sinto-me:
A ouvir: U2 & Mary J. Blige - One

Sábado, 12 de Agosto de 2006

Porque os anjos são do sexo masculino...

 

 

Afirmo e repito, os anjos são do sexo masculino.

Basta a própria palavra para nos provar isso. Anjo é um substantivo masculino. E além disso, eu conheço pelo menos dois e são do sexo masculino.

Os anjos são do sexo masculino…

 

 

 

A ouvir: O meu canário

Quarta-feira, 9 de Agosto de 2006

Cemitérios...

 

Ora cá vai mais um daqueles posts negros, negríssimos, como breu que até a mim me fazem tremer.

O de hoje é sobre cemitérios. E desta vez quebro o ritual de escrever noite adentro, não porque o assunto possa vir a tirar-me o sono, mas porque me surgiu a inspiração em plena tarde e como tal, há que aproveitá-la, porque senão esvai-se e perco a oportunidade de manifestar o meu dark side.

Toda esta ideia surgiu na sequência do spot publicitário da Sociedade Zoófila, acerca do abandono dos animais nesta época do ano.

Discursando um pouco sobre o assunto, é já típico nesta incauta sociedade que aqueles que resolvem adquirir um animal, para exibir como troféu de alguma coisa (deve ser alguma espécie de trauma compensatório, não sei…), nesta altura do ano, quando resolvem ir de férias para qualquer paraíso tropical ou não, abandonam o pobre do bicho ao Deus dará, porque quando voltarem compram outro e por aí adiante.

Daí que só me parece bem que sociedades deste tipo, invistam algum dinheirito nesta publicidade, porque pelo menos as criancinhas que assistem possam ver a malvadez e crueldade dos pais que fazem isto aos seus animais de estimação.

Perdoem-me a franqueza, mas já avisei no início do post que isto hoje está mesmo negro. Há dias assim, a gente acorda e só apetece espancar a maioria dos seres humanos que gastam o mesmo oxigénio que tanta falta nos vai fazer no futuro.

Era espancar esses e deixar o raio dos incendiários baterem “acidentalmente” com a cabeça contra uma rocha e ficarem a arder lá dentro. Pensando bem, não deve haver melhor cemitério que um incêndio. Fica-se logo em cinzas e não dá mais trabalho nenhum… O sr. Bush ainda não se deve ter lembrado destas vantagens, senão acabava logo com a morte por cadeira eléctrica e venenos e aproveitava os incêndios “acidentais” que muito lavram neste país.

Mas voltando ao assunto inicial, na sequência desse spot que mostrava um lindo cachorro a deitar-se por cima de uma campa num cemitério e que dizia que ele não nos abandonava, surge a ideia do post.

E a ideia é menos negro que o resto de todo o post que já escrevi. A ideia é muito simples. É a origem do conceito de cemitério. Como foi que alguém se lembrou de criar um lugar onde vamos venerar as pessoas que gostámos e já desapareceram do plano físico da nossa vida?

Eu sei que faz parte do processo de luto e negação e como tal vamos relembrando os que já se finaram. Mas daí a sermos sádicos ao ponto de ir lá constantemente fazer a dita veneração, para mim é demasiado à frente. Tão à frente que não consigo compreender.

Estava eu a pensar, ao cozinhar o meu almoço, que devia haver um cemitério para os sentimentos. Devíamos poder enterrar a amizade, o amor, o ódio, a raiva, a inveja e tudo o mais. E quando tivéssemos saudades íamos lá levar-lhe flores e acender umas velitas…

Acho que faz muito mais sentido um cemitério de sentimentos do que o de pessoas. As pessoas deviam ser todas cremadas e voltar à terra mais rápido, sem precisarem de ser decompostas por milhares de bichos horrorosos.

Mas um cemitério de sentimentos era perfeito. Quando estivéssemos em dúvida, íamos lá e confirmávamos que de facto o sentimento morreu. É que às vezes, dou comigo a pensar se de facto o sentimento terá mesmo morrido. Gostava de me certificar, mas como? Não há um cemitério para essas coisas. Mas no entanto, continuamos a venerar esse sentimento como um morto.

Relembramo-lo, veneramo-lo e gostamos de sentir que um dia foi real. Também nos perguntamos muitas vezes porque terá desaparecido e desejamos que volte.

Pois eu cá não. Gostava de ter um cemitério de sentimentos para verificar que eles de facto morreram e não voltam mais. É preciso haver respeito pelos sentimentos mortos, só é pena que muitas vezes estes, não estejam enterrados…

 

A ouvir: Guardiões do Subsolo - Popless
Sinto-me:

Soprado por: Asa às 17:09
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Terça-feira, 8 de Agosto de 2006

Paixão é fast food...

 

Se fosse procurar a definição de paixão no dicionário, encontraria definições como sentimento excessivo, amor ardente, entusiasmo, grande mágoa, objecto de grande afeição, vício dominador, parcialidade, afecto violento, cólera e alucinação. Encontraria também referência a partes do Evangelho e ainda ao martírio de Cristo.

Mas este post pode ser uma espécie de definição pessoal. Daquelas que não vêm no dicionário e que ninguém entende e provavelmente que ninguém concorda. Mas para mim, paixão é fast food.

Paixão é aquele sentimento incompreensível e inexplicável que nos ataca ao longo da vida. Não só por pessoas, mas também por objectos, animais e tantas coisas mais.

É um sentimento livre, puro, que nos atormenta e nos tira o sono. Mas acima de tudo, é um sentimento que nos consome e que nos fazer desejar alguma coisa, com uma intensidade tal que nos invade o pensamento e ocupa todos os recantos da alma.

É algo que vai e vem. De forma rápida e mortal. Podemos apaixonarmo-nos várias vezes, por muitas coisas e de várias maneiras.

Mas a paixão é sempre igual. Vem, aparece, leva-nos à loucura e vai embora.

Hoje em dia, a paixão aparece de forma muito rápida e consome-se num instante. Paixão é fast food.

Não é como aquela comida caseira de antigamente, que levava muito tempo a preparar, saboreava-se com vontade e digeria-se de forma lenta, porque era uma comida pesada.

Hoje em dia, paixão é fast food. Vemos, olhamos, apetece-nos, dá-nos vontade e vamos comprar para comer. Em pé, no carro, num banco de jardim, em casa, no trabalho, nas escadas e por aí fora. Comemos rápido, porque temos sempre falta de tempo, mastigamos sem saborear, porque afinal tudo sabe à mesma coisa e deitamos os restos no lixo.

Nem nos preocupamos se estava bom ou não. Afinal, limitámo-nos a mastigar e digerimos na corrida do dia-a-dia.

Já não nos sentamos à mesa do restaurante, já não pedimos a ementa, já não escolhemos o que nos apetece, já não comemos entradas, já não nos deliciamos com aquilo que nos estava mesmo a apetecer, já não repetimos a dose, já não arranjamos mais espaço para a sobremesa, já não tomamos café. Apenas continuamos a pagar a conta, porque afinal de contas, comida é comida é há que pagar para comer.

Há uns dias, talvez semanas, um amigo que muito estimo e que não vou esquecer, porque afinal a vida proporciona-nos o conhecimento de pessoas maravilhosas, dizia (e passo a citar): “Custa mais ter uma fixa do manter uma a dias!”. Ainda bem, que sei que a frase saiu em tom de brincadeira, embora me pareça que é mesmo assim.

Preferimos comer vários tipos de comida ao longo da semana, do que cozinhar de forma a comermos duas ou três vezes.

Não nos importa que saiba tudo ao mesmo e que a comida não preste nem faça bem à saúde, o que importa é que seja rápido, na hora em que nos apetece, na altura em que queremos. É um sentimento de posse que não conseguimos controlar. Queremos e queremos já, de preferência para ontem, como se costuma dizer.

Hoje em dia, a paixão é fast food…

 

A ouvir: Joan Osborne - What if God was One of Us
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