Domingo, 29 de Outubro de 2006

Acredita em mim...

 

 

Acredita em mim quando te disser que morri.

Não lamentes as palavras que disseste e menos ainda as que nunca te escaparam dos lábios.

Apenas acredita que não me voltarás mais a ver. Que a vida te pregou a maior rasteira de todas e me baniu para sempre da vida que tentaste criar.

Quando te disser que morri, é porque as palavras se esgotaram nas tentativas vazias da esperança que alimentava num destino diferente.

Acredita em mim mais do que nunca e desiste de tentares adivinhar o mundo e perceber os intricados vazios que eu tentei preencher.

Acredita em mim quando te disser que morri, pois nessa frase encerrarei o passado num presente sem futuro.

Quando te disser que morri é porque morri.

Nunca mais voltarei a viver para ti...

Sinto-me:
A ouvir: Fingertips - Mellancholic Ballad

Quinta-feira, 26 de Outubro de 2006

Blog em manutenção...

 

 

Sim, é verdade. Desapareci do blog já há uns dias, mas como não me tem apetecido escrever nem me surge qualquer tema interessante, opto pelo afastamento.

Apenas umas palavritas para dizer que agora só a partir de Segunda, que até lá estarei por Coimbra em busca da inspiração para novas penas que por aqui vou largando.

  

A ouvir: Ronan Keating - Iris
Sinto-me: desprovida de inspiração

Soprado por: Asa às 00:08
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Quarta-feira, 25 de Outubro de 2006

Dedicado a J.

Hoje numa daquelas tarefas que me ocupam o tempo que vou forçando a passar, passei por tua casa. Escolhi um caminho diferente para passar e vim dar uma volta.

Passei por tua casa e não resisti a olhar a tua janela. A janela do teu quarto onde tantas conversas se desenrolaram e tantos cigarros foram fumados. A mesma janela que já me acompanha nestes 14 anos de amizade que nos juntaram. A janela onde uma vida podia ser contada.

E olhei. E por momentos achei que estavas lá. Que me o tempo tinha recuado e ainda vivíamos as duas nesta cidade. Nesta mesma cidade que nos juntou e que me fez conhecer-te, estudar contigo e a teu lado viver a vida.

Por momentos iludi-me e regredi aos nossos anos de adolescência. Aqueles que nos deixam as melhores recordações e sem dúvida aqueles que mais nos aproximaram, por meio dos dramas que eu sempre gostei de viver.

Senti a tua falta nessa janela. Provavelmente a tua mãe deve tê-la aberto de manhã, mas a simples ilusão de que poderias ali estar fez-me sentir bem.

Se bem que nos tempos da tua janela, nunca imaginei traçar-te a capa uns anos mais tarde quando foste à tua primeira Serenata. Em mais uma em que deves estar no momento em que escrevo estas linhas. Que saudades…

Ver a tua janela aberta recordou-me a alegria de viver desses tempos e a amizade que se consolidou nestes anos. E isto tudo só para dizer que te sinto a falta. Que gosto muito, muito mas mesmo muito de ti.

 

A ouvir: Ronan Keating - Iris

Soprado por: Asa às 23:58
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Sábado, 21 de Outubro de 2006

Escada...

 

Olhou para o relógio como sempre fazia quando estava à espera de algo bom que havia de acontecer. Achou que era a hora certa e deixou de lado o que bordava para se ir arranjar, expectante pelo que a noite lhe poderia reservar. Porque reservados já estavam os lugares.

Tinha comprado os bilhetes com quase uma semana de antecedência, para garantir que iriam os dois. Para garantir que o seu plano funcionaria e que tudo daria certo outra vez. Tinha guardado o dela e enviado o dele por correio. Queria que fosse uma surpresa, daquelas agradáveis que gostamos de ter. Sabia que ele tinha recebido porque alguém tinha comentado a originalidade da ideia. Só não sabia se ele estaria lá. Afinal de contas era um convite anónimo e um encontro às cegas.

Dirigiu-se ao quarto e vestiu a uma roupa que lhe iria agradar, já a pensar na noite que se avizinhava. Escolheu peça por peça. Penteou-se simples e gostou da imagem que o espelho reflectiu. Procurou o seu tesouro dos últimos dias, o bilhete, e guardou-o religiosamente junto ao peito.

Saiu de casa à hora prevista e foi sozinha até ao local combinado. Chegou, olhou à volta e não descortinou sinais da sua presença. Rodou o olhar e nada. Saiu do cinema e foi fumar um cigarro enquanto pensava para si incrédula que ele não podia faltar. Que não se dera a todo este trabalho durante as duas últimas semanas para que na hora H ele tivesse medo e não fosse. Não depois de tudo o que tinham revivido nos últimos dias. Apagou o que restava do cigarro e olhou novamente. Nada, ele não estava e o filme ia começar.

Entrou, procurou a fila e o lugar, com a esperança secreta de que ele já estivesse lá sentado, mas não o viu. O filme começou e ele não apareceu. Convenceu-se de que já não vinha. De que não conseguira perceber que era ela a mestre dos cordelinhos que o tentava mais uma vez fazer feliz. Simplesmente ele não tinha percebido. Sendo assim, mais valia aproveitar e ver o filme. Afinal, tinha esperado por este filme para que as coisas acontecessem como tinha previsto e como já ali estava ia ver o que tinha escolhido. Miami Vice era o eleito da noite.

Começaram as primeira imagens e só pensava nas razões que o tinham feito não vir. Não pegar no bilhete e arriscar a sorte, jogar o tudo por tudo. Depressa se abstraiu, tal era a velocidade que a história levava. À medida que os minutos corriam pensava que não podia ter escolhido melhor. Uma história de amor, dos tempos modernos, disfarçada de policial americano. Perfeito, só faltava mesmo ele ali a seu lado. Tinha comprado os bilhetes mesmo junto ao corredor, para estarem mais isolados e não ter que o partilhar com mais ninguém. E afinal tinha acabado por ficar sozinha.

O filme foi rodando e rodando a velocidade de cruzeiro, sem se aperceber em concreto que aos poucos ia chegando ao fim. Deixou de pensar nele. Afinal a noite era dela, seria sempre dela, independentemente de ser ele ali ao seu lado, um outro ou mesmo nenhum.

O filme acabou e nem sinais da sua presença. Sentiu tristeza por ele não ter arriscado, não ter tido a coragem de dar o passo seguinte. Era o fim. O fim do filme e o fim daquela relação estranha de altos e baixos, de surpresas e desvarios. Deixou-se ficar, gostava sempre de saborear os momentos finais e ver o genérico. Esse desenrolar de nomes esquecidos que nunca apareciam num filme e sem os quais nenhum filme existiria. Saboreava a história e a tristeza. Era a única naquele cinema comprido, mas assistia e nem pensava nisso. Só pensava nele e nos motivos que o teriam afastado de vez.

Quando acordou dos pensamentos e o genérico acabou, levantou-se e vestiu o casaco. Seria mais uma ida até casa sozinha, e uma noite numa cama que se tinha tornado grande demais.

Levantou-se e foi quando o viu. A olhar para ela, com os olhos cheios do amor que sempre os uniu. Sentado na escada…

 

A ouvir: Jay-Z & Linkin Park - Numb (Encore)
Sinto-me: em resolução

Quinta-feira, 19 de Outubro de 2006

Aquele que nunca viveu...

 

Sentou-se no vazio das horas que iam passando nessa medida infindável em que se tornou o tempo. Olhava os dias como um pobre pedinte faminto olha as horas que passam até poder obter uma nova refeição que lhe aqueça o corpo e lhe aconchegue a alma. Sentada a seu lado, parecia o seu cão, também vadio que espera os ossos e as sobras e com isso se contenta.

Via a vida a passar pelos laços invisíveis do olhar, sem mostrar o mínimo de preocupação com o que se seguiria nessa sua vida triste de abandono à solidão. Temia a vida mais do que a morte e ria das preocupações dos outros consigo próprios, enquanto bebia da garrafa onde acumulava a sua sorte.

Via a vida com a cor indefinida que sempre o caracterizou. Deixou este mundo e os outros sem rasto. A sua cor confundiu-se com a cor dos dias que passaram depois de também ele passar sem marcar o mundo.

Um dia morreu. Num dia de chuva igual a todos os outros dias de chuva que naquele Inverno abundaram, riu pela última vez enquanto se encostava à sua única amiga garrafa, companheira que o acompanhou até ao fim. Não se despediu de ninguém, não se despediu de si próprio, não se despediu da vida. Simplesmente se foi, evaporou-se no espaço cósmico de uma galáxia poeirenta que sempre abominou.

Ria dos dias, das noites e de todos. Achou-se um mestre e acabou um discípulo sem nunca compreender a mestria dos verdadeiros, que sendo mestres nunca se deram ao trabalho de lha explicar.

 Morreu como todos os outros que morrem sem nunca terem de facto existido. Evaporou-se num fumo cinzento indefinido. Caiu por terra num esgar característico que lhe atormentou a alma que dizia não possuir por não acreditar nela. Num esgar cínico, com a mesma hipocrisia com viveu a sua vida a partir do momento em que a matou.

Abandonou-se à foice da morte, que veio vestida de cinzento para melhor se confundir com ele próprio e a sua cor, ou a falta dela. Não ripostou e o seu cinismo foi o seu golpe fatal.

Simplesmente morreu aquele que nunca viveu.

 

A ouvir: Snow Patrol - Chasing Cars
Sinto-me: negra

Segunda-feira, 16 de Outubro de 2006

A minha primeira vez...

 

A minha primeira vez foi normal. Acho que deve ter sido igual à primeira vez de toda a gente. Também não é que tenha que ser diferente, já tantos o fizeram antes de mim que a minha não terá nada de especial a acrescentar ao resto, mas mesmo assim apetece-me contar.

A primeira vez foi em Dezembro. Num mês frio como podem imaginar e por isso mesmo requereu mais esforço. Foi numa Sexta-feira igual a tantas outras, não fosse o facto de ser sido a primeira vez.

Foi num espaço reservado só para mim, em que eu programei tudo como queria que fosse. No entanto, era um local público onde estavam mais pessoas ao mesmo tempo a fazer o mesmo que eu. Presumo que para a maioria, senão mesmo para todas também tenha sido a primeira vez. Mas não foi colectivo. Apesar da presença de mais virgens, foi privado, só para mim.

Tive direito a programar tudo como queria. Claro que antes tiveram que me ajudar e ensinar a fazer certas e determinadas coisas, mas valeu a pena. Saiu tal e qual como eu queria e tinha imaginado. Tive todo o cuidado na escolha do início, de como queria que fosse, do que iria ou não dizer, tudo.

Foi bom, embora tenha sido pobre. Depois dessa, aprendi muitas coisas novas e diferentes e hoje em dia prefiro outras coisas. Acho que só foi daquela forma mesmo na primeira vez. Depois virei tudo de pernas para o ar e decidi começar a inovar. Hoje sou arrojada nessas coisas e aprendi muito apenas comigo mesma. Mas claro que tive uma boa professora, paciente que me explicou coisas que não era suposto explicar. A ela agradeço muito.

Foi uma primeira vez inesquecível e já lá vão muitos meses. Recordo muitas vezes esse dia e a forma como ele mudou a minha vida. Actualmente seria muito mais infeliz sem esse acontecimento, posso dizer que mudou-me a vida e ajuda-me a ocupar o ócio dos dias. No fundo, faz de mim uma pessoa mais feliz.

Acho que todos que partilhamos esta experiência percebemos a forma como ela nos influencia. Sabe bem podermos partilhar as coisas desta forma com alguém…

A primeira vez que escrevi neste blog…

 

 

P.S. E agora leiam lá tudo outra vez e riam da minha mente distorcida, que a mim é a única coisa que me apetece fazer, por ter tido a (in)feliz ideia de escrever este post.

Caso queiram saber a minha vida privada terão de esperar por mais notícias.

 

Sinto-me: distorcida
A ouvir: Soul Asylum- Runaway Train

Quinta-feira, 12 de Outubro de 2006

Tenho saudades...

Tenho saudades de tantas coisas, de tantas pessoas, de tantos acontecimentos e movimentos e de tantos momentos.

Tenho saudades da vida que vivi e do tempo que já passou. Momentos magníficos, esplendorosos e sentimentos fantásticos. Posso dizer que tive uma vida cheia.

Mas hoje, assaltou-me esse fantástico sentimento tão português que tanto nos caracteriza. Ter saudades era um sentimento recorrente quando vivia lá fora. Os meus amigos de Erasmus aprenderam esta palavra dita em português que ninguém sabia explicar nem traduzir numa única palavra.

Hoje estou melancólica. Numa melancolia boa porque me faz sentir bem. Hoje em particular tenho saudades das pessoas.

Tenho muitas saudades dos meus amigos de Faculdade. Das nossas conversas, jantares, cafés, passeios à beira do Mondego, noitadas, cartadas, bebedeiras, saídas, engates, Queimas, loucuras.

Tenho saudades de viver em casa da M., dos nossos trabalhos de grupo, da nossa equipa, das nossas divagações chanfradas, do namorada dela cozinhar para nós. Tenho saudades dos cigarros que fumámos na cozinha, dos lanches, de comprar pão para o nosso lanche, de nos rirmos dos outros e de sermos críticas quase ao ponto de sermos cínicas.

Tenho saudades das minhas “Deusas”, da N., da R., da A., da F., da R., da B., da J. e mais uma vez da M. Tenho saudades dos nossos jantares em que gravámos conversas, dos nossos choros de baba e ranho, das nossas caipirinhas e cadeiras partidas, das nossas fotos malucas, das nossas capas e batinas e de descermos escadas sentadas. Saudades do mundo académico que foi o nosso.

Tenho saudades da J. e dos cafés que nos habituámos a tomar aos fins de semana. Das conversas filosóficas que me saiem sempre que estou contigo, do abraço amigo que me faz sempre sentir que estou viva, das trocas de livros e Cd’s, dos passeios de carro, dos conselhos sábios, dos risos e piadas que sabes sempre fazer. Saudades que me venhas buscar a casa e me faças sempre passar uma das melhores noites da minha vida, só porque te tenho para partilhar os momentos e os pensamentos; saudades de me atrasar sempre que quero chegar às horas que combino contigo. Tenho muitas saudades de comer a minha massa de atum, na minha casa e na tua companhia.

Tenho saudades do P. Saudades do tempo que vivi a teu lado, dos risos e conversas parvas. Saudades de largar tudo e ir estrada fora, de ver as estrelas e a lua cheia e os foguetes das festas de aldeia. Saudades da tua sabedoria e da tua lareira. Mas essas são saudades que ainda espero voltar a ter.

Tenho saudades do N. e principalmente dos nossos lanches. Saudades de ir ouvir poesia contigo, de passar as tardes e os serões na tua companhia. Do teu jeito de me completares e saberes sempre no que penso. Saudades de te ver de capa e batina e gozar com as tuas fotos de modelo. Saudades de ver o teu “padrinho” e começar a gozar. Saudades de pertencer ao mesmo projecto que tu e ajudar o Mundo a sentir-se, senão melhor, pelo menos mais ouvido.

Tenho saudades da D. e do seu Clio que já foi branco, depois verde e afinal nunca deixou de ser preto. Das boleias para casa depois das nossas reuniões, das nossas conversas e partilhas sobre um curso em comum, das dicas e ideias e úteis conselhos sobre professores e faculdade. Saudades de ir às Docas e de beber chocolate quente nas noites de Inverno no Cartola. Saudades de ir ao Café com Arte e achar que estava em casa.

Tenho saudades dos meus ouvintes. Do nosso projecto que permanece, apesar de eu ter vindo embora. Das nossas reuniões com os nossos bolinhos. Das mil ideias que surgiam e do espaço que era mesmo partilhado. Das letras de todos vocês nos nossos cadernos, dos pensamentos que todos partilhavam e do som e cheiro da nossa sala. Saudades da máquina do café, que de vez em quando se passava e começava a ranger sozinha e do salame de chocolate que àquelas horas da noite sabia sempre tão bem.

Tenho saudades dos anos que passaram e dos amigos todos que fiz. Tenho saudades de ter amigos perto de mim…

 

 

Sinto-me: com MUITAS saudades
A ouvir: Vanessa da Mata - Ai, ai, ai

Terça-feira, 10 de Outubro de 2006

100 Sentidos...

Não! Não esperem grande coisa desta escrita hoje. Estou doente, no corpo e na alma. Dói-me tudo o que sinto e aquilo que está para além dos sentidos.

Mas dada a insistência dos que me visitam, e hoje foram muitos, senti-me na obrigação de escrever qualquer coisa a dizer que ainda estou viva. Não morri, pelo menos cerebralmente falando. Se bem que viva também é coisa que não possa afirmar estar. Estou, provavelmente, em coma. Num sentimento de letargia muda e queda, em que vejo, oiço, apalpo, cheiro e saboreio, mas mesmo assim não sinto.

Deve ser do Inverno. Acho que estou a hibernar. Também mereço aqueles meses de paz em que o corpo dorme e a alma não sente.

Refugiei-me numa luta que tento não perder a todo o custo. Assim, na paz do espírito e no anonimato das palavras, luto por alguém que nunca teve medo de se aproximar de mim, apesar das mil barreiras e friezas que mostro.

Refugio-me num derradeiro esforço para mostrar que aprecio quem me sabe apreciar e dar-me o valor que mereço e sei ter.

Mas luto num pacifismo mudo. Deixei de usar armas. Percebi que os sentidos são a melhor arma que posso ter para esta luta. E se os tenho!!! Não tenho cinco, como os comuns dos mortais. Tenho 100! Sou a mulher dos 100 sentidos…

Nem todos despertos, nem todos adormecidos…

A ouvir: Ronan Keating & Rita Guerra - All Over Again
Sinto-me: 100 sentidos (doente)

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